Recentemente, a cidade de São Paulo sediou o 16º CONGRESSO da Fundação Otorrinolaringologia (FORL), que contou com a presença de 3.200 participantes, sendo 956 fonoaudiólogos inscritos como congressistas, em uma reunião científica com 61 mesas de programação e 306 trabalhos submetidos, desenvolvida em três dias de atividades. Além dos médicos e fonoaudiólogos, houve a participação de professores de canto, psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais e outros especialistas da área de saúde e da administração. O número expressivo de fonoaudiólogos presentes de diversos estados brasileiros, acadêmicos, jovens profissionais e líderes em diversas especialidades, reflete o amplo reconhecimento que nossa classe tem dado a essa fundação, não somente pela qualidade dos eventos que organiza, mas também pelo clima de camaradagem que imprime em suas reuniões e pelo alto nível científico que dita a organização da grade do congresso. Como se não bastasse, a mesma seriedade com que a FORL encara a organização científica do evento manifesta-se na preparação da festa de confraternização, que encerra as atividades em alto tom.
No presente ano, a coordenação geral do evento foi liderada pelos médicos otorrinolaringologistas Prof. Dr. Richard Louis Voegels (atual presidente da FORL) e pelo Prof. Dr. Ricardo Ferreira Bento. A coordenação da área de Fonoaudiologia foi feita pelas queridas colegas, as competentes e incansáveis Isabela Jardim e Maysa Tiberio Ubrig. Sou profundamente grata a esses destacados profissionais e suas equipes pela condução impecável dos trabalhos e pela qualidade da recepção que ofereceram aos fonoaudiólogos.
Tradicionalmente, a comissão científica do evento premia três estudos da Otorrinolaringologia e três da Fonoaudiologia, com um certificado de reconhecimento e um auxílio financeiro, com valores de 6, 3 e 1 mil reais. Veja quem foram os vencedores da Fonoaudiologia:
Primeiro lugar: “Validação de um grupo de medidas de quantificação de recorrência na discriminação de vozes sintetizadas normais e desviadas”, de Leonardo Lopes e Mara Behlau, desenvolvida na UFPB e na UNIFESP, teve por objetivo identificar um conjunto de medidas acústicas não lineares (medidas de quantificação de recorrência) capazes de predizer o desvio vocal percebido auditivamente em vozes sintetizadas. O conjunto de sete medidas apresentou excelentes adequabilidade e acurácia para explicar e identificar os desvios vocais, respectivamente. Os sinais analisados possuíam ampla faixa de intensidade do desvio, o que confirma que as medidas de quantificação de recorrência são confiáveis para avaliar sinais com desvios intensos e uma possibilidade viável para utilização clínica e em pesquisa. Esse resultado permite suprir uma lacuna existente quanto à avalição precisa desses sinais.
Segundo lugar: “Quimografia de Alta Velocidade em 3D (QAV-3D) em sujeitos saudáveis”, de Monike Tsutsumi, Arlindo Neto Montagnoli, Maria Eugenia Dajer, Regina Aparecida Pimenta, Adriana Hachiya, Domingos Hiroshi Tsuji, da USP-São Carlos e FMUSP, teve como objetivo analisar a QAV-3D, uma técnica inovadora que possibilita a visualização dinâmica do comportamento vibratório de uma prega vocal em toda sua extensão. Ela considera 3 dimensões: amplitude, espaço entre as comissuras das pregas vocais e tempo. Enquanto a quimografia de alta velocidade convencional permite a análise em uma única linha na porção mediana das pregas vocais, a QAV-3D permite a visualização completa da prega vocal e a visualização do espaço entre as suas comissuras, além de possibilitar a análise do comportamento vibratório de cada prega vocal individualmente.
Terceiro lugar: “Imunomarcação de fatores pluripotentes de células-tronco no desenvolvimento da glândula fetal submandibular humana”, de Tamires Albuquerque Gomes, Jose Roberto de Araujo, Tiago Nicoliche Maria, Marcelo Cavenaghi Pereira da Silva, da UNIFESP teve como objetivo estudar glândulas submandibulares, responsáveis pela produção de 60% da saliva e derivadas do endoderma. O objetivo deste estudo foi avaliar a imunocoloração de fatores pluripotentes de células-tronco: Nanog, Stat-3 e Musashi-1 de dez glândulas submandibulares fetais entre 12 e 18 semanas de desenvolvimento. A imunocoloração foi qualificada em forte expressão, expressão média e baixa expressão em cada um dos componentes do sistema ductal. Os autores observaram que durante o processo de desenvolvimento a imunocoloração foi intensa nas áreas proliferativas e concluiram que a imunoexpressão das proteínas estudadas está intimamente relacionada à proliferação ou manutenção dos sistemas de ductos
Segue um sincero reconhecimento e um aplauso forte aos grupos de pesquisa dos trabalhos vencedores e de todos que submeteram seus estudos para apreciação. Que os autores continuem em sua trajetória de insistência, persistência e consistência, respeitando os princípios éticos da evolução da ciência para o bem do paciente, o que deve ser nosso objetivo maior.
Para concluir, aproveito para transcrever a seguir a Missão da FORL, registrada em seu portal (www.forl.org.br) da seguinte forma: “Incentivar a pesquisa científica e os programas de estudo, prática e aperfeiçoamento profissional nas áreas de assistência otorrinolaringológica, fonoaudiológica, enfermagem, psicologia e terapia ocupacional, para capacitação de recursos humanos, promovendo ampla e continua prestação de serviços no atendimento a comunidade brasileira, com ações e campanhas preventivas e curativas em doenças dos ouvidos, nariz, boca e garganta.” Além disso, na mesma página a fundação ainda apresenta como seu valor principal “a transparência com seus diversos públicos, além de responsabilidade social e educativa”.
Ponto para a FORL! Ponto para a Fonoaudiologia! O próximo evento da FORL será em Brasília, em 2018. É bom começar a se preparar para participar dessa oportunidade de integração renovada, em um ambiente de muito aprendizado.
Dra. Mara Behlau
Diretora do CEV